Depoimentos
Apreciei que o amigo está sempre no sentido de uma constante inquietação, sem se acomodar, com seu espírito jovem e criador, abrindo novos rumos, nessa insatisfação que pertence somente a nós, os artistas. Aceite o carinhoso abraço do amigo de sempre. 22/06/2002
Arcangelo Ianelli
Pintor, escultor, ilustrador e desenhista
“ Eu não filmo as pessoas; filmo o espaço que há entre elas. Tanto no cinema quanto na tela o que importa é esta tensão que vibra entre os corpos, esta energia que nos une e nos separa sem cessar. Esta é a essência do drama. Newton Mesquita sabe captar como poucos este espaço proibido que nos faz sofrer ou amar. Ele flagra esta mistura de auras, estas luzes que se fundem e explodem ou no ódio ou no gozo. As vezes entre corpos colados há um deserto de quilômetros, e em mãos que se acenam em cantos opostos do palco ou da tela há um amor sem fim. Nas cores de Newton e nas figuras que se entrevêem sob seu contraluz, seu rubro de tourada, seu vinho tinto de paixão, está fixado um mistério desta coisa que não ousamos dizer o nome, que chamamos vulgarmente de amor.”
Arnaldo Jabor
Cineasta
Um homem espera. Quando o momento exato se ilumina ele o rouba. Mais tarde, quando finalmente está sozinho no seu espaço, ele usa seus poderes e se transforma e transforma cada momento roubado no mais preciso instante definitivo. E é assim, nessa magia, que cada instante de vida que passaria despercebido pra maioria dos mortais se torna permanente. Tem agora outra vida. É grande, tem luz própria, desafia seu criador. E de dentro da tela, onde ele parecia seguro, aquele momento se redimensiona e ousa atravessar o tempo. Vai do passado onde aconteceu e foi capturado pelo artista, para o presente da obra, para o quadro onde ele está agora. E de agora se multiplica e irá refletir num futuro infinito atingindo todos nós que temos e teremos a emoção de rever esse momento que nunca vimos. E que agora não será mais um momento perdido. Todo grande mestre é uma espécie de Prometeu, que rouba o sagrado dos deuses e o oferece aos mortais. E seu castigo é justamente ser devorado por sua própria febre e todos os dias reconstruir seu dom. Mas como os deuses são sábios essa é também a sua bênção. A sua grande arte. Newton Mesquita rouba momentos. E os distribui generosamente. Devolve a todos nós alguma coisa que sem querer perdemos. Uma doce capacidade de observar o imperceptível, uma delicada sensação, como se fosse uma memória do que nem sequer vivemos. Uma música ao longe, uma voz cantando pra ninguém, um sabor, um cheiro, um homem num jardim, um gesto esquecido, um navio no porto, alguém que espera, um abraço, um café, uma guitarra, uma lembrança que não é nossa, um amigo que não tivemos, a nudez de uma mulher que nunca conhecemos. O descobrir de um desejo. Milhões de desejos se escondem nessa cidade onde tudo está exposto e onde tudo se esconde. Newton retrata a cidade e sua melhor paisagem: as pessoas. E os lugares vazios, onde pessoas estiveram e deixaram um sentimento. E em sua busca, ele desvenda a dualidade. A luz quente e frontal do dia, o mistério e o segredo das noites, das paixões, das intimidades. Em cada um a solidão e a solidariedade. A limitação da impossibilidade e o vislumbre de que tudo é possível. E para quem sabe recriar cotidianos tudo é possível. Cada quadro revela e sugere um destino. Cada imagem traz o fio que tece essa realidade e nos conecta a todos e nos retrata em todos. Nos faz lembrar que somos todos feitos da mesma matéria de que são feitas as estrelas.
Bruna Lombardi
MOMENTOS ROUBADOS
“…A pintura de Newton Mesquita é de uma objetividade notável. Ela é substantiva, qualidade que encontramos em toda pintura de alta linhagem. O artista cria uma realidade e ela se apresenta diante de nós, já desligada e independente da origem. É um ser espiritual e podemos dialogar com ela. Certamente verificamos constantes temáticas, um método de ver e fazer, uma certa atmosfera, alguns sentimentos recorrentes. E desta maneira sabemos que estes trabalhos foram feitos por um artista chamado Newton Mesquita. Em que outra pintura encontraríamos, juntos, este marcado sentimento de solidão e esta doce solidariedade ?”
Jacob Klintowitz
Crítico de artes visuais
“Cada qual, com sua sensibilidade, capta os múltiplos sinais deixados na tela pelo artista que, por sua vez, sabe que os semelhantes sempre serão diferentes entre si. Incansável no ofício de construir algo expressivo e revelador sobre as questões que lhe ocorrem, seja na vida ou na própria arte, ele tenta, com a técnica e os meios disponíveis, ampliar e, muitas vezes, superar a própria linguagem elaborada em anos e anos de desmedido esforço. De tempos em tempos ele abre sua vida aos outros. Tenta tocá-los propondo uma espécie de troca nem sempre afetiva. Em certos momentos isso não é tão importante, mas em outros, como agora, é fundamental. Assim definido, seu único interesse encontra-se na possibilidade de ver, sob diferentes reações, a emoção provocada pela obra. Melhor que o êxito fácil colhido às custas de recursos formais discutíveis e tão frequentes em todas as épocas. É certo que nem sempre ele pode mudar tudo. Mas seria isto realmente necessário para a criação de uma obra de arte? É o que parece querer dizer Newton Mesquita neste momento ao oferecer-nos sem alarde, com rigor e coerência, um gesto claro de amor à Pintura. Mais que qualquer outro ser, o artista escolhe um caminho e recria pacientemente seu próprio tempo. Como se sabe, muitos mestres fizeram isso ao longo da história.”
Paulinho da Viola
Cantor
“Uma das tendências que mais caracterizam a desorientada arte brasileira da jovem geração é o realismo, o raporto entre o pintor e a realidade. Sem alusões ao ‘realismo histórico’ que teve na França a ação de Courbet, tudo indica que o real vai cada vez mais interessando os artífices. Há quem caia na ilustração, naturalmente, e no reprodutivismo da velha turminha brava do academismo; porém quem tem fôlego se distingue. Tudo depende da possibilidade e do quanto de engenho se mistura nas cores. Para nos referirmos a um exemplo: Caravaggio.
Passando da História à Crônica, este cronista registra a presença de Mesquita que nesta exposição apresenta cenas de mar e de porto, reduzidas a um sistema de projeção, comunicação rápida de signos chapados, às vezes aparecendo em miúdas retículas pré-moldadas sobressalentes, figurações de sabor elementar, símbolos de rápida perceptibilidade, para dar idéia de conjunto”.
Pietro Maria Bardi
Jornalista
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